segunda-feira, 15 de abril de 2024

 

Irã responde ataques terroristas de Israel, 

atinge capital do país e é surpreendido com 

total apoio em várias partes do mundo.

Por Khatarina Garcia


AGNOT – 14.-4.24 – KG - Numa ação militar sem precedentes na história da geopolítica do Oriente Médio, a República Islâmica do Irã, baseada no artigo 51 da Carta da ONU que garante o direito de defesa a um país que tenha sido atacado por outro sem qualquer motivo, e como resposta aos ataques terroristas de Israel contra diplomatas e civis iranianos na Embaixada do Irã em Damasco, na Síria, e morreram sem qualquer direito a defesa, respondeu ao assassinato de seus cidadãos pelas forças sionistas num ataque relâmpago a Israel sob a coordenação estratégica da Guarda Revolucionária Iraniana e de sua  Força Aérea, considerada uma das mais poderosas do mundo.

No Brasil, diversos movimentos sociais, sindicatos, organizações populares e coletivos sociais, em especial grupos e comitês de solidariedade ao povo palestino, venezuelano, cubano, nicaraguense e outros foram ás redes sociais demonstrar apoio ao povo iraniano e a ação do governo de Teerã.

Grupos de ação política anti-imperialista no Brasil, em sua maioria no RJ, SP e no DF estão se articulando para criarem um movimento nacional de solidariedade ao Irã no Brasil uma vez que o Irã sofre constantes ameaças de retaliação por parte dos EUA e de Israel. Este movimento de apoio ao Irã também contou com o apoio da direção do Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Palestino, do Comitê Latino Americano Anti-imperialista centenas de militantes dos partidos políticos de esquerda no Brasil, como o PT, PCdoB, PSOL, PSB, PDT, PCB, UP, PCO, PSTU e outros, tradicionalmente favoráveis a Palestina na sua luta de libertação contra Israel.

Estão sendo articuladas ações de apoio ao Irã em diversas universidades brasileiras através de líderes de movimentos sociais em vários estados objetivando organizar um grande movimento internacional aos iranianos devido o perigo de ampliação dos conflitos e explosão de uma guerra na região do Oriente Médio, afirmou um dos organizadores do movimento. 

                                                                                                                           AGNOT – 14.-4.24 – KG.






 

terça-feira, 26 de março de 2024

 




MPS faz filiações em massa no DF visando 2026

e milhares de outras no país para eleições este ano.

Por Khatarina Garcia

 

            Agência Mídia Sem Fronteiras – 26.03.24 – KG: Com o objetivo de fortalecer o PSB em todo o país, considerando que em alguns estados o Partido Socialista Brasileiro pode até não apresentar candidaturas a vereador ou a prefeito, o Movimento Popular Socialista, principal setorial de massa, ideológico e de esquerda do PSB, sob coordenação nacional do advogado e ex-guerrilheiro Acilino Ribeiro organizou uma campanha de filiação de líderes populares, dirigentes de movimentos sociais e quadro políticos dentre professores, jornalistas e líderes religiosos.

            A campanha começou ainda em janeiro deste ano nos vários estados e no DF se iniciou em outubro passado quando da instalação da Tenda Cultural instalada na Feira da Ponta Norte, em todo o Brasil já foram filiados para mais de duzentas lideranças espalhadas em mais de quinze estados e no DF, porem em Brasília não haverá eleições este ano mas as filiações visam construir uma nominada para 2026 dado a saída de muitos filiados do partidos desde as eleições de 2022, principalmente dirigentes históricos como a professora Yara Gouveia e o professor Adriano Sandri, críticos ferrenhos da atual direção do PSB no DF e que foram para o PSOL no Distrito Federal.

             A direção nacional do MPS orientou aos estados que filiassem o maior número de lideranças populares e dirigentes de movimentos sociais com inserção na sociedade civil e se disponham a se candidatar para ajudar ao partido, mas em alguns estados existe uma certa rejeição dado a maneira com que o PSB vem sendo conduzido e o que se viu nos últimos dias foi a saída de algumas lideranças em alguns estados, principalmente mulheres.

             No Distrito Federal as filiações tinham sido marcadas para serem entregues dia 08 de março, mas para não bater com as comemorações do Dia Internacional da Mulher foram adiadas para o dia 29 deste, porem coincidiu com a sexta feira sante e agora foi adiado para o dia 09 de abril, com a presença do Secretário Nacional do MPS Acilino Ribeiro e diversos outros membros da Executiva Nacional do Movimento. Agência Mídia Sem Fronteiras – 26.03.24 – KG:

 

        

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Evento no FSM no Nepal elege os 100 melhores educadores populares do mundo e 10 são brasileiros.

 


Evento no FSM no Nepal elege os 100 melhores educadores populares do mundo e 10 são brasileiros.

 

Por HÉLIDA KRIGGER, de Katmandu / Nepal.

 


Ativistas brasileiros estão entre os melhores do mundo na área de educação popular e formação política. Todos professores militantes das igrejas, PT, PSOL e PSB.

 Agência  Mídia Sem Fronteiras / 19.02.23 – HK: Reunidos em Katmandu, capital do Nepal entre os dias 15 e 19 de fevereiro para debater vários assuntos ligados á geopolítica mundial com uma grande diversidade de temas, onde predominou assembleias sobre clima e meio ambiente, violência policial e direitos humanos, educação popular e formação política e feminismo e feminicidio, mais de mil e duzentas organizações populares e movimentos sociais de aproximadamente cem (100) países realizaram um dos mais empolgante Fórum Social Mundial já realizado após alguns anos de estagnação do mesmo.

          Diversas oficinas temáticas aconteceram com a participação de centenas de militantes sociais, educadores populares e ativistas pelos direitos humanos, o meio ambiente, a paz mundial, contra a intolerância religiosa e a violência policial no mundo. A questão climática e o meio ambiente predominaram durante todo o Fórum, mas dois outros temas se destacaram pelo grande número de oficinas e a oportunidade de se realizarem assembleias e encontro entre militantes sociais de todos os países presentes. Foi o caso dos direitos humanos e da educação popular.

           Mais de cem organizações entre escolas de formação política e educadores populares, fundações culturais e partidárias, agências de financiamentos e ONGs de mais de noventa países aproveitaram a oportunidade e promoveram um Encontro Internacional de Escolas de Formação, Universidades Populares e Educadores Sociais por uma Cultura de Paz, articulado por dezenas de entidades latino americanas e africanas presentes ao evento. Foi um evento auto-gestionário com ampla participação popular e de especialistas.

           

Detentoras de mais de quase bilhão de dólares em recursos assistenciais e educacionais, culturais e científicos, estas fundações e agências fizeram uma avaliação do que tem sido até hoje os encaminhamentos como formas de financiamento e o desenvolvimento dos trabalhos sociais e de assistência, culturais e educacionais na África, Ásia e América Latina principalmente, regiões onde se desenvolvem os respectivos projetos por elas financiadas. Debateram por outro lado novas formas de financiamento e propuseram a mudança de regras para alocação de recursos nestes países considerados ainda do terceiro mundo. Após suas oficinas promoveram o Encontro que reuniu mais de duzentos representantes, dirigentes e militantes dessas organizações, principalmente escolas de formação ligadas ao projeto das universidades populares.

          O Encontro Internacional de Escolas de Formação, Universidades Populares e Educadores Sociais por uma Cultura da Paz reuniu um grande número d especialistas da área, com militantes de todos os continentes e foi deliberado  pelo fortalecimento da política de educação popular na América Latina e na África e ao final foram escolhidos os cem (100) melhores educadores populares do mundo, como uma forma de incentivar a educação popular e a formação política como também o reconhecimento do trabalho de política de base e formação cidadã nestes países. Outro aspecto desse encontro foi o incentivo ao projeto de organizaçãode universidades populares pelo mundo, especialmente na América Latina e África onde serãoaumentados os investimen

   Dentre os cem (100) melhores educadores sociais e populares do mundo estão trinta e seis (36) latino americanos, quatorze (14) europeus, vinte e um (21) africanos, quatro (04) árabes-palestinos, vinte e cinco (25) asiáticos. Dentre os latino americanos estão dez (10) brasileiros que se destacaram nos últimos dez anos na área de formação política e defesa de teses na área de Educação Popular, segundo informaram alguns dos organizadores do evento, dentre estes, Carlos Delgado, Diretor da Escola Internacional de Formação Política, com sede em SP capital, outra em no México, e uma em Luanda, Angola, pertencentes a uma rede de universidades populares, e Javier Galhardo, do Centro Latino Americano de Educação Popular, com sede em Lima no Peru. Outro representante brasileiro no encontro foi Altamiro Afonso Lima, da Rede Afro-brasileira de Educação Popular - e a argentina Lorena Sanches Caballero, do Centro Pedagógico Universidade Popular da Argentina.

          Segundo Miro Luís de Carvalho, Diretor de Formação do Justiça Sem Fronteiras, com sede no RJ, Brasil, também em Caracas, Venezuela e em Johanesburgo, África do Sul os dez (10) brasileiros escolhidos no respectiva econtro e considerados dentre os cem melhores do mundo e, portanto, os melhores do Brasil são respectivamente: Ademar Bogo, filosofo e doutor em educação, professor universitário na Bahia, com vários livros publicados sobre o tema educação popular e conferencista dos mais solicitados no Brasil; Adelar Pizetta, pedagogo com doutorado em Educação Popular e professor universitário no Espirito Santo, também com vários livros publicados e diversas conferencias realizadas; Ranulfo Peloso, teólogo e filosofo, educador popular e sindicalista brasileiro; os três militantes de base e professores da Escola Nacional Florestan Fernandes do MST e simpatizantes do PT; o quarto nome é do economista, historiador e educador popular Acilino Ribeiro, advogado de movimentos sociais e professor universitário, pós graduado em História Política; Geopolítica e Relações Internacionais; Teologia Política e História das Religiões, Inteligência Estratégica e Segurança Cidadã, em Economia Política Internacional é também dirigente nacional do PSB e tem diversas obras publicadas sobre educação popular e formação política.

            Os outros brasileiros homenageados no respectivo evento realizado durante o FSM por seus trabalhos na área de educação popular e formação política são: Frei Beto e Leonardo Boff, sacerdotes, teólogos e históricos ativistas pelos direitos humanos, pregadores da Teologia da Libertação e foram considerados referencias mundiais por proposta dos ativistas presentes como EDUCADORES DO MUNDO. Gilberto Carvalho e Pedro Pontual, também considerados referencias na área receberam a mesma honraria de Frei Beto e Leonardo Boff, como referencias internacionais na área de educação popular e formação política da sociedade. Gilberto Carvalho é ex-ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, ex-diretor de formação política do PT e atualmente Secretário Nacional de Economia Solidária do Governo Lula. Pedro Pontual considerado um dos maiores especialistas em educação no mundo, é Doutor em Psicologia e Educação pela PUC-SP, com especialização em processo educativo ligado a organizações sociais e orçamento participativo. Atualmente é Diretor de Educação Popular da Secretaria Geral da Presidência da República. E fechando a lista dos dez melhores do Brasil os participantes do FSM presentes no Encontro Auto-gestionário por uma Educação Política e Popular foram os pastores Ariovaldo Ramos, é teólogo, pastor, professor e coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito. Estudioso de Filosofia desenvolve amplo programa de formação de lideranças.  Henrique Vieira. É pastor, com formação em Teologia, historiador, sociólogo, e tem uma larga tradição de luta como educador popular e na área de organização social. Atualmente é deputado federal pelo PSOL do RJ. 

          Segundo Altamiro Afonso Lima, os organizadores do evento entrarão em contato com os dez escolhidos para informa-los do agraciamento e homenageá-los pela escolha, que mesmo considerado uma homenagem simbólica através de um ato auto organizativo dentro do FSM  é de alta relevância pela contribuição histórica deles para com a humanidade na área de formação política, educação popular e organização de base. Informou ainda que os critérios para a escolha de nomes para estar entre os melhores do mundo são muito rígidos e abrange desde uma consulta a atuação ética e moral dos selecionados em suas atividades até a publicação de livros e textos, realização de palestras, debates e conferencias pelo mundo que influenciem as massas como formadores de opinião, ativismo político, social e partidário e pesquisas em redes sociais mostrando o trabalho realizado pelos mesmo em todo o mundo.

         Durante os quatro dias do FSM, os participantes debateram além da questão da Educação, Cultura, Desigualdade Econômica, Discriminação das Minorias, Uso da Terra, Soberania Alimentar, Saúde, Habitação, Paz, Conflito, Guerra, Ocupações, Deslocamentos e Segurança, Movimentos Sociais, Espaço Cívico e o Futuro do Fórum Social Mundial; dentre outros temas.  Os primeiros três dias foram focados no compartilhamento de informações, intercomunicação e construção de alianças, por meio dos painéis temáticos, fóruns, assembleias e atividades auto organizadas.

          Ao termino do Encontro dos educadores populares foi criado por sugestão de organizações africanas e latino-americanas o Fórum Internacional de Escolas de Formação Política e Educação Popular para atuar de forma permanente e como facilitador e de integração e articulação destas.

          O último dia, hoje, 19 de fevereiro, está sendo formulado um documento sistematizado que reúne o consenso dos participantes e suas sugestões.               

        Agência  Mídia Sem Fronteiras / 19.02.23 – HK:

  


 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

CAMILO TORRES - O Padre Guerrilheiro

Camilo Torres - O Padre guerrilheiro

"Onde caiu Camilo nasceu uma cruz,
porém não de madeira, e sim de luz".
(Victor Jará)

"Não deporei as armas enquanto o poder
não estiver totalmente nas mãos do povo".
(Camilo Torres)



Jorge Camilo Torres Restrepo nasceu em Bogotá, Colômbia, em 03 de fevereiro de 1929. Sua família pertencia à alta burguesia liberal da Colômbia. Seu pai, Calixto Torres Umaña era um prestigioso professor de medicina na Universidade Nacional da Colômbia, e de 1931 a 1934 representou seu país como Cônsul, em Berlim. Com a separação dos pais, em 1937, Camilo foi morar com sua mãe, Isabel Restrepo Gaviria Torres, e com seu irmão Fernando, em Bogotá. Depois do curso secundário, freqüentou, em 1947, durante um semestre, o Curso de Direito na Universidade Nacional da Colômbia. Em inícios de 1948 resolve entrar no Seminário Conciliar de Bogotá e preparar-se para o sacerdócio. Ali permaneceu durante sete anos, sendo ordenado padre em 1954. Logo em seguida é enviado à Bélgica para estudar sociologia na Universidade Católica de Lovaina. Em 1958 se graduou como sociólogo, apresentando um trabalho que analisava a proletarização de Bogotá.

Voltando a Bogotá em 1959, foi nomeado capelão da Universidade Nacional. Ali, juntamente com outros participantes, fundou a Faculdade de Sociologia, onde, durante algum tempo foi professor. Em 1961, Camilo Torres começou a ter problemas com o Cardeal Luís Concha Córdoba, que não via com bons olhos os seus trabalhos. Foi, então destituído do cargo de capelão, das atividades acadêmicas e das funções administrativas na Universidade Nacional.

Na tentativa de afastá-lo do mundo acadêmico, o cardeal o nomeou administrador paroquial de uma paróquia na periferia de Bogotá. Mas, Camilo não renunciou ao seu engajamento social. Em 1965 foi pressionado, pelo alto clero, a renunciar ao ministério sacerdotal. E em 27 de julho de 1965 celebra a sua última missa. Em sua "Mensagem aos cristãos", pouco tempo depois, já integrado no ELN, declara: "Deixei os privilégios e deveres do clero, porém não deixei de ser sacerdote. Creio que me entreguei à revolução por amor ao próximo. Deixei de rezar missa para realizar este amor ao próximo, no terreno temporal, econômico e social. Quando meu próximo não tiver mais nada contra mim, quando tenha realizado a revolução, voltarei a oferecer missa, se Deus me permitir. Creio que assim sigo o mandamento de Cristo: ‘quando levares tua oferenda ao altar, e ali te lembrares que teu irmão tem algo contra ti, deixa a tua oferenda sobre o altar, e vai reconciliar-te com teu irmão, e então volte e apresente tua oferenda’(Mt 5, 23-24). Depois da revolução, os cristãos teremos a consciência de que estabelecemos um sistema que estará orientado para o amor ao próximo".

Livre das imposições canônicas, Camilo intensificou a sua participação política, criando a "Frente Unida do Povo", como contraponto ao duvidoso "Pacto Nacional", celebrado entre liberais e conservadores. Já em 1964, quando o Governo bombardeou a região de Tolima com napalm, Camilo havia tentado um contato com o grupo de guerrilheiros, que dariam origem, em 1966, às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, (as FARC). Mas o diálogo com este grupo revolucionário comunista não progrediu. Menos complicado foi o contato com o ELN (Exército de Libertação Nacional, criado em 1964). Entretanto, Camilo fortalece a "Frente Unida do Povo" e cria o jornal semanário da "Frente Unida"; convoca o povo para as praças públicas, e prega a abstenção nas próximas eleições, como posicionamento revolucionário.

O sucesso político de Camilo cresce vertiginosamente, e as pressões governamentais aumentam. Acusam-no de subversivo. Assim pressionado, resolve colocar-se a serviço dos comandantes do Exército de Libertação Nacional.



Nos últimos meses de 1965, o padre guerrilheiro Camilo Torres envia mensagens aos cristãos, aos militares, aos camponeses e à Frente Unida do Povo. E em 15 de fevereiro de 1966 Camilo Torres morre em combate. Era a primeira ação guerrilheira armada de que participava. Até hoje não se sabe onde o exército colombiano enterrou seu corpo.

Os ideais de Camilo Torres

Camilo Torres considerava que quem definia o caráter pacífico ou violento da sociedade não era a classe popular, mas, sim, a classe dos governantes. Assim, propôs um "projeto de libertação" no qual podiam participar todos os homens e mulheres da Colômbia, guiados por uma opção chamada, por Torres, de "o amor eficaz para todos". Sua ação e pensamento se converteram num convite permanente para a luta, para que "a próxima geração não fosse mais de escravos, mas de homens livres".

Como Camilo Torres chegou a estas suas conclusões?

Desde cedo, Torres manifestava sua compaixão para com os oprimidos. Ainda criança, e vivendo com seu pai médico, distribuía as amostras grátis dos remédios que o pai recebia entre os trabalhadores de uma cerâmica, não muito distante de sua casa. O dinheiro que recebia para ir ao cinema o dava a crianças pobres das favelas. Quando abandona o curso de Direito, para entrar no seminário, declara que havia compreendido que "a vida, assim como a vivia e entendia, não tinha sentido". Por isto desejava ser padre para se tornar um "servo da humanidade", pois descobrira que "o cristianismo era um caminho totalmente concentrado no amor ao próximo".

Mais tarde, quando lhe perguntaram por que deixara o ministério sacerdotal, respondeu: "Abandonei o ministério sacerdotal (não o sacerdócio, pois este é eterno!) pelas mesmas razões pelas quais me comprometi com ele. Descobri o cristianismo como uma vida centrada totalmente no amor ao próximo; dei-me conta de que valia a pena comprometer-me com este amor nesta vida. Escolhi o sacerdócio para converter-me em um servidor da humanidade. Foi depois disto que compreendi que, na Colômbia, não se pode realizar este amor simplesmente por beneficência, mas que era urgente uma mudança de estruturas políticas, econômicas e sociais, que exigiam uma revolução, à qual este amor estava intimamente ligado. Mas, desgraçadamente, enquanto minha ação revolucionária encontrava uma resposta bastante ampla no povo, a hierarquia eclesiástica, em um determinado momento, tentou calar-me, contra a minha consciência que, por amor à humanidade, me levava a defender tal revolução. Então, para evitar qualquer conflito com a disciplina eclesiástica, solicitei a dispensa da minha sujeição a estas leis. Não obstante, me considero sacerdote até a eternidade, e entendo que meu sacerdócio e seu exercício se cumprem na realização da revolução colombiana, no amor ao próximo e na luta pelo bem-estar das maiorias". Para ele, a pura beneficência, a caridade, as esmolas nada mais são do que "a bebida que se dá ao tuberculoso para que pare de tossir".



Naturalmente, com este apelo revolucionário, surge a pergunta: o que Camilo Torres entende por revolução?

Em diversos momentos ele se explica, e diz: "(Entendo por revolução) uma mudança fundamental (e rápida) das estruturas econômicas, sociais e políticas. Considero essencial a tomada do poder pela classe popular, pois a partir dela surgem as realizações revolucionárias, que devem priorizar a propriedade da terra, a reforma urbana, a planificação integral da economia, o estabelecimento de relações internacionais com todos os países do mundo, a nacionalização de todas as fontes de produção, dos bancos, dos transportes, dos hospitais, dos serviços de saúde, assim como outras reformas que sejam indicadas pela técnica, para favorecer as maiorias, e não as minorias, como acontece hoje em dia".

Camilo Torres considera que, nesta revolução, o fundamental a se conquistar é a mudança da estrutura de poder, retirando o poder das mãos da oligarquia e colocando-o nas mãos do povo. E quem dirá se esta tomada de poder será pacífica ou violenta são as oligarquias. Se as oligarquias quiserem entregar o poder pacificamente, o povo o tomará pacificamente; mas, se apelarem para a violência, terão violência. Mas, antes de apelar para a violência, diz Camilo, devem se esgotar todos os caminhos pacíficos. No entanto, ele não confia muito em que as oligarquias entreguem o poder sem luta. Contudo previne que, antes de se apelar para ações revolucionárias violentas, a doutrina social da Igreja ensina que é necessário verificar quais as conseqüências de tais ações. Evidentemente, os resultados não poderão piorar a situação que se pretende corrigir. Para ele, a mudança das estruturas de poder na Colômbia devem mudar de qualquer forma, pois o perigo de piorar é muito pequeno, observando-se o número de crianças que morrem de fome, as meninas menores na prostituição, os constantes massacres, a violência e a miséria generalizadas em todo país, ao lado de minorias opressoras, coniventes com o imperialismo americano e sempre mais ricas.

Frente aos jornalistas, Camilo Torres, muitas vezes, teve que justificar sua atitude revolucionária, já que era cristão e padre. Dando suas explicações, ele diz: "Sou revolucionário como colombiano, como sociólogo, como cristão e como padre. Como colombiano, porque não quero ficar distante da luta de meu povo. Como sociólogo, porque minhas intuições científicas, em relação à realidade, me convenceram que é impossível chegar a soluções efetivas e adequadas sem uma revolução. Como cristão, porque o amor ao próximo é a essência do ser-cristão, e o bem-estar da maioria não se consegue sem a revolução. Como sacerdote, porque a entrega ao próximo, que exige a revolução, é um requisito da caridade fraterna, indispensável para celebrar a missa, que não é uma oferenda individual, mas de todo o povo de Deus por intermédio de Cristo"

O amor que Camilo pregava devia ser um amor eficaz, pois "a fé sem obras é morta" (Tg 2,17).

O texto que ele, muitas vezes, citava era o do Evangelho segundo Mateus 25,31-46, onde Cristo coloca os critérios de julgamento no juízo final: "Tive fome e me destes de comer...". Para Camilo, este texto somente cria valor se nos perguntarmos, nas circunstâncias concretas de nossa realidade, de que maneira somos capazes de dar de comer à maioria dos famintos, vestir a maioria dos desnudos, a abrigar a maioria dos sem-teto. E isto, segundo sua convicção, na Colômbia não se conseguiria sem reformas estruturais profundas em favor das maiorias. E se a revolução for necessária para realizar o amor ao próximo, o cristão deve ser um revolucionário.